A diferença entre o ritmo natural da vida e a exaustão que se disfarça de produtividade
A ansiedade é uma emoção natural — ela nos prepara para agir, tomar decisões e responder aos desafios do dia a dia. O problema é quando ela deixa de ser um impulso vital e passa a dominar a rotina.
Vivemos em uma cultura que valoriza a produtividade acima de quase tudo. "Estar ocupado" virou sinônimo de importância. E, sem perceber, muita gente vai acelerando o ritmo até que o corpo e a mente começam a cobrar a conta.
A ansiedade, quando excessiva, deixa de ser apenas um sinal de alerta e passa a ser um estado permanente. É como se você estivesse sempre em modo de emergência, mesmo quando não há perigo real à vista.
Sinais de que a ansiedade está tomando conta
Muita gente só percebe que está sobrecarregada quando o corpo começa a reclamar: insônia, falta de concentração, irritação, tensão muscular. Às vezes, o corpo está apenas pedindo pausa, mas a cabeça insiste em seguir no automático.
Alguns sinais comuns de que a ansiedade pode estar ultrapassando limites saudáveis:
- Dificuldade para desligar a mente — você se pega pensando nas mesmas coisas repetidamente, mesmo quando está tentando relaxar
- Sensação constante de urgência — tudo parece que precisa ser resolvido agora, imediatamente
- Cansaço que não passa com descanso — você dorme, mas acorda exausto
- Irritabilidade e impaciência — pequenas coisas passam a incomodar muito mais do que deveriam
- Sintomas físicos sem explicação médica — dores de cabeça, problemas digestivos, tensão muscular
- Evitação de situações importantes — procrastinação ou fuga de coisas que deveriam ser enfrentadas
Reconhecer esses sinais não significa que você está "fraco" ou que "não dá conta". Pelo contrário: perceber que algo não vai bem é o primeiro passo para cuidar de si com honestidade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos de ansiedade afetam cerca de 264 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que o país tem a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade do mundo, afetando 9,3% da população.
A armadilha da autocobrança
Um dos maiores combustíveis da ansiedade é a autocobrança. A ideia de que você precisa sempre dar conta, ser produtivo, não falhar. Esse diálogo interno cria um ciclo difícil de quebrar: quanto mais você se cobra, mais ansioso fica. Quanto mais ansioso, mais a sensação de que "não está fazendo o suficiente".
E aí surge o paradoxo: você quer descansar, mas se sente culpado por parar. Quer desacelerar, mas tem medo de perder o ritmo. A ansiedade, nesse caso, não é apenas sobre o futuro — ela fala também sobre a forma como você se relaciona consigo mesmo.
Como a terapia pode ajudar
Na psicoterapia, criamos um espaço de pausa e escuta, sem julgamentos. Em vez de tentar "eliminar" a ansiedade, o processo ajuda você a compreender o que ela comunica sobre sua forma de viver — e a encontrar caminhos mais leves e conscientes.
A Abordagem Centrada na Pessoa, que fundamenta meu trabalho, parte do princípio de que você já possui dentro de si um potencial de crescimento e transformação. O papel da terapia é oferecer um ambiente seguro para que esse potencial possa se manifestar.
O que acontece no processo terapêutico
Diferente de receitas prontas ou técnicas rápidas, a terapia é um espaço de encontro genuíno. É ali que você pode falar sobre o que realmente sente, sem precisar "estar bem" o tempo todo. É um lugar onde a vulnerabilidade não é fraqueza, mas sim coragem.
Ao longo das sessões, você vai percebendo padrões, reconhecendo gatilhos, compreendendo de onde vem essa urgência constante. E, aos poucos, encontra formas mais saudáveis de lidar com as pressões — internas e externas.
A terapia não promete acabar com todos os problemas da sua vida. Mas ela oferece algo muito valioso: a possibilidade de você se relacionar com esses problemas de uma forma mais consciente, mais compassiva e mais verdadeira.
Desacelerar não é desistir
Reconhecer que você precisa de ajuda, que precisa parar ou que precisa rever suas prioridades não é sinal de fraqueza. É, na verdade, um ato de responsabilidade consigo mesmo.
Desacelerar não significa abandonar seus objetivos. Significa respeitar seu ritmo, cuidar da sua saúde mental e emocional, e entender que você não precisa viver em constante estado de alerta para ser produtivo ou valioso.
"Às vezes, o ato mais corajoso que você pode fazer é permitir-se descansar."
Se você está sentindo que a ansiedade tem tomado mais espaço do que deveria na sua vida, talvez seja o momento de buscar ajuda. A psicoterapia pode ser esse espaço de acolhimento e transformação que você precisa para reencontrar o equilíbrio.
Estou aqui para acompanhar você nesse processo. Se quiser conversar, entre em contato. O primeiro passo pode ser mais simples do que você imagina.